A chegada da primavera traz consigo a promessa de uma estação de crescimento. Chegou a altura de preparar o seu espaço verde para florescer, prosperar e maravilhar. O nosso guia está cheio de dicas de jardinagem para o conseguir.
23.06.2021
As plantas de vaso que passaram o inverno no interior necessitam de alguma poda e cuidados antes de poderem ser levadas para o exterior a partir de maio: antes de podar, reenvasar e fertilizar, elimine primeiro os rebentos desmaiados do inverno. Ao fazer este tipo de poda de primavera, deve procurar desbastar a planta e eliminar os rebentos velhos e murchos, bem como todos os caules que se cruzem e rocem entre si. É também uma boa oportunidade para fazer qualquer trabalho de modelação. Para este trabalho de jardinagem, não deverá precisar de mais nada além de uma tesoura de poda. Só terá de usar uma tesoura mais robusta ou uma serra para os rebentos lenhosos das espécies em vasos grandes.
Embora não exista uma altura fixa para podar plantas, deve sempre fazer a poda de primavera antes de começarem a surgir os botões em força. Isto porque, se esperar muito tempo e cortar os rebentos novos, estará simplesmente a retirar à planta as suas reservas de energia, enfraquecendo-a significativamente numa altura crucial.
É bastante comum o aparecimento de rebentos espigados e fracos durante os meses mais frios. Estes rebentos longos, macios e desmaiados surgem por falta de luz suficiente e devem ser sempre eliminados. Todas as plantas que tiverem passado o inverno numa estufa ou noutro local luminoso e fresco irão começar a rebentar cedo. Pode desbastar este tipo de rebentos novos até ao final de fevereiro, mas transfira os vasos a seguir para um local quente e luminoso, caso contrário, voltam a surgir rebentos espigados.
As plantas que passaram o inverno no escuro precisam de sair na primavera para florescerem na altura certa. A partir do final de março, leve-as para um local protegido da geada, com bastante luz, onde irão crescer bem até as colocar no exterior em maio. Se as deixar no escuro durante muito tempo, a floração atrasa-se.
Quando sacar das tesouras de poda para o aparamento de primavera, deve remover ramos velhos, murchos ou danificados, bem como todos os rebentos fracos e extemporâneos. Tenha cuidado para não deixar cotos quando o fizer. Pode mesmo até à vara principal ou a um ramo lateral mais grosso. Normalmente, estes locais secam e não voltam a rebentar.
Nos gerânios, nos brincos-de-princesa, nas margaridas e nas espécies que florescem no verão, surgem rebentos novos, o que significa que podem ser podados de forma mais radical na primavera, até dois a quatro botões ou um comprimento de ramo de 5-10 cm. Esta abordagem de jardinagem irá mantê-los compactos e densos.
Por outro lado, os oleandros só dão flor nos caules com dois ou mais anos de idade. Deixamos aqui uma dica se tiver o desbaste de oleandros grandes na sua lista de tarefas de jardinagem: se cortar demasiado de uma vez, não irá ter uma única flor durante um ano. Em vez disso, recomendamos que o trabalho seja realizado por etapas, ou seja, podar uma parte num ano e esperar pela próxima primavera para fazer o resto.
Dica: Se tiver árvores ou arbustos de vaso que tenham crescido demasiado, em vez de os cortar até uma altura uniforme, deve podar as varas e os ramos individuais até um terço para manter a forma da planta.
Eis uma regra simples de lembrar: quanto mais podar uma planta, mais tempo ela levará a voltar a florir.
Para os melhores resultados, a dada altura, todas as plantas de floreira, em geral, têm de ser mudadas para um vaso maior, aquilo que se chama "reenvasar". Para as plantas em vaso mais antigas, pode esperar fazer este trabalho de jardinagem a cada dois ou três anos, dependendo do crescimento, enquanto as espécies mais jovens podem precisar de ser reenvasadas com uma frequência que pode ser anual. Não há dúvida que o reenvasamento é essencial se a planta estiver com as raízes apertadas no vaso. Uma planta com as raízes apertadas no vaso ficou limitada por ele e formou raízes densamente compactadas. Isto é fácil de perceber se olhar para o torrão ou vir que estão a sair raízes pelos orifícios de drenagem. Quando isto acontece, a planta deixa de ser capaz de ir buscar convenientemente água ou nutrientes, pelo que deve ser reenvasada urgentemente.
No entanto, reenvasar não é apenas dar mais espaço para crescer. A terra num vaso perde estrutura ao longo do tempo e os seus nutrientes irão ser levados e lixiviados pela chuva, pelo que deixará de dar um suporte útil ao crescimento da planta. Fazer da adição de terra nova uma tarefa de jardinagem regular renova os nutrientes disponíveis e melhora a retenção de água. As plantas de varanda precisam de terra nova todos os anos, quer tenham passado o inverno no interior ou tenham sido acabadas de comprar.
Para este trabalho de jardinagem, irá precisar de alguma terra nova, vasos com o tamanho certo para o transplante, uma pá de mão para jardinagem e um fertilizante adequado. Uma faca comprida também pode ser útil se tiver de tratar de uma planta grande num vaso, pois irá ajudar a remover o torrão.
As plantas de varanda podem ser reenvasadas imediatamente assim que as comprar, mas, se estiver no início da primavera, não as deve colocar na sua posição definitiva no exterior antes do final de maio, devido ao risco de geadas tardias (algo que pode variar consoante a sua localização).
Se tiver vasos de varanda que tenham sido mudados para o interior durante o inverno, pode reenvasá-los com o intuito de lhes adicionar terra nova, de meados a finais de abril, de preferência depois da poda. Depois do reenvasamento, deve colocá-los numa posição exposta a luz intensa.
O tipo de terra que deve usar para o transplante de primavera depende do tempo que a planta irá permanecer na floreira. Para plantas de canteiro anuais, um composto para vasos da marca própria de um centro de jardinagem é perfeito – a terra sem turfa é melhor para o ambiente. Para as plantas de espaço verde em vasos de longa duração, como mini-árvores e outras perenes, aconselhamo-lo a usar uma boa marca de composto especializado ou universal. Use apenas compostos especializados com as variedades adequadas de plantas e tenha em mente que as árvores de citrinos, as hortênsias e as azáleas precisam de terra ácida especial para crescer em floreiras.
Quando escolher um vaso para uma planta grande, opte por um que tenha uma base larga e que não seja superior à sua largura: isto garante que não irá tombar facilmente. Adicionar gravilha para melhorar a drenagem também pode fazer peso no vaso e torná-lo mais estável. Argila e terracota são opções clássicas para floreiras. Apesar de serem pesadas, oferecem vantagens específicas: ao sol, o material protege as raízes do sobreaquecimento e, a baixas temperaturas, mantém-nas protegidas da geada. No entanto, se estiver a pensar em deixar estas floreiras no exterior durante os meses mais frios, certifique-se de que a drenagem é excelente e de que o composto não é levado pela água, pois estes materiais de argila natural podem absorver humidade que, mais tarde, faz o vaso ficar congelado e rachar-se.
Se gosta do aspeto da pedra e da terracota, mas prefere uma opção menos dispendiosa, há muitos vasos de plástico com o mesmo design. Os vasos de plástico geralmente mantêm a humidade da terra durante mais tempo porque a água não pode evaporar-se pelas paredes. O que nos leva a uma dica final de jardinagem para o envasamento: use sempre vasos com orifícios de drenagem, já que o alagamento é prejudicial a todo o tipo de vegetação.
Quer esteja a reenvasar plantas de primavera para a varanda acabadas de comprar ou as suas árvores de vaso que passaram o inverno no interior, precisa de saber o seguinte:
O vaso novo deve ter mais dois dedos de largura do que o antigo.
Ponha um pote ou um bocado de louça partida sobre o orifício de drenagem e depois adicione uma camada de seixos de argila expandida ou outro material de drenagem.
Um pano de algodão ou jornal por cima da camada de drenagem irá mantê-la separada do suporte de cultura.
Verta um pouco de composto, depois coloque a planta lá dentro e encha o recipiente quase até ao rebordo.
Calque bem o composto à volta da planta com as mãos. Deve ficar um espaço de 2-3 cm da terra até ao topo do vaso para facilitar a rega.
Se tiver uma planta muito grande que não queira passar para um vaso maior, em vez disso pode reduzir o tamanho do torrão. Basta retirar a planta do vaso e cortar os lados do torrão com uma faca comprida. Volte a colocá-la no vaso antigo com alguma terra nova.
A camada de drenagem permite que a água em excesso saia do vaso, mas não deve ser muito grossa. Mesmo num vaso muito grande, deve ser de apenas alguns centímetros, caso contrário, será demasiado eficaz e a floreira não irá reter água suficiente.
Sempre que possível, mantenha os vasos elevados sobre pedras planas ou bases próprias para que as formigas não consigam entrar facilmente lá para dentro e para um escoamento eficaz da água.
Deixar algum espaço entre a superfície da terra e o rebordo do vaso é especialmente prático para plantas sequiosas. Significa que em vez de despejar a água devagar e com cuidado, pode simplesmente verter uma boa dose e esta irá acumular-se neste espaço, penetrando gradualmente na terra.
O mulching da superfície do solo é útil para plantas em vasos e noutros locais onde jardina. A gravilha dá um bom aspeto e inibe o crescimento das ervas daninhas, mas também é possível usar aparas de relva.
Os fertilizantes minerais formulados para vasos são a melhor escolha. Os fertilizantes orgânicos costumam ser de ação lenta em floreiras de varanda e não há necessidade de melhorar o solo para as anuais.
Os vasos com rega automática tornam a jardinagem mais fácil, mas lembre-se de que, na maioria dos modelos, só começam a trabalhar quatro semanas depois da plantação, que é o tempo que as raízes demoram a formar-se e a chegar à água. Até lá, terá de regar por cima como habitualmente.
A seleção de plântulas à venda em centros de jardinagem não se compara à grande variedade de sementes disponíveis. Além disso, as sementes são bem mais baratas do que as plântulas já desenvolvidas. A utilização de sementes também é a melhor forma de usufruir de variedades mais invulgares no seu espaço verde, uma vez que todas as plantas à venda serão geralmente as mesmas escolhas convencionais em todo o lado. Pode descobrir aqui tudo o que precisa de saber para semear.
Para semear em vasos, irá precisar de sementes, uma régua ou algo parecido para nivelar, tabuleiros de germinação, um grande pedaço de madeira ou calcador para pressionar, tabuleiros de sementeira ou vasos pequenos e composto para sementes.
É importante seguir as práticas de higiene adequadas e, em particular, lavar todos os tabuleiros de sementeira em água quente, visto que as plântulas são muito delicadas e os organismos nocivos podem danificá-las ou destruí-las rapidamente. Por norma, só deve usar o composto para sementes adequado, pois este tem um baixo teor de nutrientes, o que significa que as suas plântulas não irão ter um começo de vida preguiçoso, pois precisam de ganhar muitas raízes para conseguirem tirar da terra aquilo de que precisam. Formar raiz densa irá permitir às suas plântulas que fiquem bem dotadas para se tornarem plantas fortes depois de passarem para o seu local de crescimento definitivo.
Atenção que, se semear diretamente em solo aberto, o composto para sementes não é necessário. De um modo geral, as flores de verão podem ser semeadas diretamente em canteiros a partir de maio, não sendo necessário pô-las no parapeito da janela para começarem a desenvolver-se. E para alguns legumes de raiz, como as cenouras, a sementeira direta é a única forma de crescer a partir da semente, pois não obterá bons resultados se transplantar a plântula mais tarde. Por outro lado, a germinação no interior é essencial para algumas variedades (por exemplo, tomates e beringelas), que precisam de muito calor para que isso aconteça.
A sementeira deve ser feita em vasos individuais ou em tabuleiros de germinação, dependendo do tamanho da própria semente: as maiores podem ser semeadas isoladamente ou aos pares num único vaso, onde podem ficar até serem transplantadas. As sementes pequenas começam a desenvolver-se geralmente em tabuleiros de germinação pouco profundos, onde são cultivadas em grande número. Faça assim: encha um tabuleiro até meio com composto para sementes e calque cuidadosamente com os dedos. Agora, acrescente mais terra à superfície, de modo a que fique amontoada acima do rebordo do tabuleiro, mas não compactada. Utilize uma régua ou um objeto semelhante para nivelar a terra até à altura do rebordo do tabuleiro. Mantenha sempre a régua num ângulo de 45° e faça-a deslizar sobre o rebordo em toda a extensão do tabuleiro até fora. Por fim, utilize um pedaço largo de madeira ou um calcador para empurrar a terra para baixo no meio do tabuleiro. Distribua as sementes uniformemente sobre o composto preparado no tabuleiro de germinação e, em seguida, espalhe um pouco mais de composto sobre elas. Dica: Para facilitar a sementeira de sementes extremamente pequenas, como as de begónia, misture-as com areia fina e seca e distribua pelo tabuleiro com um coador de chá.
Os tempos de germinação diferem muito de variedade para variedade. Em tabuleiros de germinação, quando as suas plântulas tiverem algumas folhas suficientemente grandes para se segurarem, devem ser mudadas para vasos pequenos para crescerem antes de as plantar no exterior. Faça-o apenas com as plântulas mais fortes.
A melhor forma de regar plântulas delicadas é de forma ligeira com um regador. Cubra o tabuleiro com algo transparente – se não tiver uma tampa própria, pode usar película aderente. Este passo evita que as suas sementes sequem.
As plântulas crescem em direção à luz, o que significa que, muitas vezes, acabam em ângulo. Temos uma dica simples para evitar que isto aconteça: revista uma caixa de cartão com folha de alumínio e coloque o seu tabuleiro de germinação no interior com a extremidade aberta virada para a fonte de luz. Graças à luz solar refletida, as plântulas que crescem numa caixa de luz como esta tendem a ser significativamente mais fortes.
O céu é o limite quando se trata de escolher o que cultivar, quer tenha um vaso, uma floreira na varanda ou todo o espaço verde para se ocupar. Só precisa de garantir que as plantas cultivadas em conjunto têm necessidades semelhantes para que todas possam medrar. Regra geral, deve colocar as espécies mais pequenas na parte da frente dos canteiros e as variedades mais altas na parte de trás. Além disso, é livre de escolher uma mistura colorida de flores de primavera ou de optar pela harmonia monocromática – consoante a sua preferência! Venha a primavera!