A fertilização do jardim procura emular o ciclo natural alimentando o solo no momento certo. A nutrição adequada é essencial – saiba como fazê-lo.
21.07.2021
A vegetação no mundo natural depende de um ciclo biológico estabelecido de crescimento, morte, apodrecimento e decomposição, sendo cada componente essencial em igual medida. Como jardineiros a criar os nossos próprios reinos ao ar livre, precisamos de recriar este ciclo para que as plantas medrem – o que requer alguma reflexão extra. Em espaços abertos não cultivados, a matéria vegetal morre, cai ao chão e apodrece; os microrganismos no solo decompõem os restos e libertam os nutrientes contidos no seu interior, alimentando o crescimento contínuo. No entanto, num jardim artificial, as plantas são dispostas, podadas, cortadas e colhidas, o que significa que são adicionados menos nutrientes à terra. É aqui que entra a fertilização ou a nutrição do jardim. Ela designa apenas a adição de nutrientes vitais de que as plantas precisam para se desenvolverem.
Uma forma de imitar a natureza no jardim consiste em adicionar composto (Como fazer composto?), uma vez que é criado através do mesmo processo de apodrecimento que ocorre naturalmente na vegetação não-tratada. O composto é uma adição valiosa, mas para que o seu jardim realmente possa medrar, precisa de o complementar com outro fertilizante, adicionando os nutrientes específicos de que as suas plantas precisam para um bom crescimento.
Há uma série de fertilizantes disponíveis e é fácil perder-se entre tantos produtos. Como funcionam os fertilizantes? Quando é que um jardim precisa de um fertilizante especial? Qual é a diferença entre fertilizantes minerais e orgânicos? Explicamos abaixo o que precisa de saber.
A fertilização tem de corresponder às necessidades das plantas e fornecer os nutrientes específicos que faltam no solo do seu jardim ou floreira, ou estes rapidamente se esgotarão. Por outras palavras, se o seu solo for já rico em nutrientes, a fertilização irá fazer mais mal do que bem – tanto às suas plantas quanto ao ambiente. Em particular, a sobrefertilização com fertilizantes minerais altamente concentrados pode ser prejudicial, dado que o excesso de substâncias na terra sobrefertilizada extravasa e poliu as águas subterrâneas. Recomendamos a utilização de opções orgânicas para a fertilização de plantas, uma vez que estas adicionam matéria natural ao solo, ao contrário dos fertilizantes industriais, que lhes acrescentam nutrientes sintéticos, potencialmente prejudiciais ao ambiente se forem mal aplicados.
Existem várias boas razões para analisar o solo no seu jardim: fica a saber qual o seu estado e pode ajudá-lo a utilizar futuramente os fertilizantes de jardim certos. Também ajuda a evitar a sobrefertilização do solo, ao mesmo tempo que lhe permite poupar dinheiro e proteger o ambiente.
A análise do solo parece uma coisa avançada, mas pode ser feita de forma bastante simples. Pode comprar kits de teste de solo ou enviar uma amostra para análise especializada – uma pesquisa online indica-lhe os fornecedores certos. Esses laboratórios devolverão os resultados dentro de algumas semanas e, dependendo do tipo de teste, podem fornecer informações sobre os nutrientes ou poluentes presentes no solo. Isto ajuda a escolher o fertilizante para plantas certo para o seu jardim e a evitar a sobrecarga de nutrientes.
Os fertilizantes minerais são fabricados artificialmente para conter vários minerais. São frequentemente vendidos em líquido, mas também estão disponíveis noutros estados, principalmente como sais produzidos industrialmente. Contêm elevadas concentrações de nutrientes que são imediatamente disponibilizados às plantas. Quanto mais arenoso for o solo em que são aplicados, tanto mais rapidamente o fertilizante é lixiviado. Os fertilizantes minerais são um risco para o ambiente devido a esta lixiviação de nutrientes.
Os fertilizantes orgânicos são feitos de material orgânico, como farinha de osso. Como tal, podem ser considerados um fertilizante natural para o seu jardim, adicionando azoto e outros nutrientes ao solo – embora estas substâncias devam ser libertadas primeiro por microrganismos subterrâneos. Como os fertilizantes orgânicos são biodegradáveis e não solúveis em água, têm uma taxa de libertação muito mais lenta do que os fertilizantes minerais, mas também são mais amigos do ambiente, fazendo deles o método de fertilização preferido. Mas isto com uma ressalva: o fertilizante mineral bom é para usar em plantas envasadas, pois os recipientes impedem a fuga de fertilizante para o solo. Em qualquer caso, a terra para vasos não contém microrganismos para decompor o fertilizante orgânico.
Os fertilizantes NPK podem ser minerais e orgânicos. O nome provém dos três nutrientes que estes alimentos completos contêm: N para azoto, P para fósforo e K para potássio. Pode ser difícil calcular a dosagem correta tendo em conta a elevada concentração da substância ativa. As proporções de nutrientes necessárias variam entre os diferentes grupos de plantas e são expressas em rácios de números inteiros em fertilizantes NPK; isto significa que existe o perigo de excesso de fornecimento de um determinado nutriente. Uma análise do solo torna mais fácil fazer uma escolha adequada.
A fertilização do jardim começa na primavera; faça-o primeiro em março/abril, quando as plantas entram novamente em crescimento ativo. Dependendo do tipo usado, a fertilização pode manter-se eficaz no seu jardim durante seis meses, após o que poderá querer nutrir de novo as plantas. O importante a reter é que não deve fertilizar o seu jardim mesmo antes de o inverno chegar: é quando as plantas repousam e deixam de crescer, por isso o consumo de nutrientes diminui. Saiba mais sobre jardinagem no inverno no nosso guia.
A fertilização básica deve ser realizada na primavera. Se estiver a usar fertilizante orgânico, aplique-o no solo e passe-lhe um ancinho de acordo com as instruções. Regue bem o solo a seguir para que os microrganismos possam trabalhar rapidamente no processo de biodegradação das substâncias.
O fertilizante pode continuar a nutrir o seu jardim até seis meses, dependendo da composição do solo e do tipo de fertilizante, mas, se precisar pode voltar a fertilizar no verão. Muitas plantas de nutrição exigente, como as rosas, gostam de uma segunda fertilização no verão.
Nota: Não aplique fertilizante no seu jardim durante ondas de calor ou secas.
Os metabolismos das plantas alteram o seu comportamento a partir do outono. Como a natureza está a passar do crescimento para o repouso, a fertilização nesta estação não é recomendada; é melhor esperar até ao próximo ano.
Sugestão profissional da STIHL: Enriquecer o solo com composto não substitui a fertilização completa do jardim se estiver a cultivar perenes e outras plantas com necessidades de nutrição elevadas – contudo, se estiver a utilizar composto no seu jardim, pode reduzir a quantidade de fertilizante aplicado em cerca de um terço. Esta é uma boa opção, pois o efeito que o composto tem no solo é difícil de replicar: muda a estrutura e a capacidade de reter água. O objetivo a longo prazo de utilizar composto e outras substâncias para fertilização do jardim é um solo solto e rico em nutrientes.
Diferentes plantas de jardim têm diferentes necessidades de fertilização. Resumimos algumas informações sobre as plantas que necessitam de fertilizantes especiais, aquelas onde pode usar produtos universais e as plantas não precisam de fertilizante.
A forma como os canteiros de legumes são fertilizados depende principalmente da colheita. Contudo, de um modo geral, as plantas frutíferas precisam normalmente de mais potássio do que as plantas como os legumes de raiz. Os tomates beneficiam da nutrição com um produto especializado.
A utilização de um fertilizante de libertação lenta nos seus legumes desde o início da estação de crescimento pode resultar em colheitas excecionais.
As árvores de fruto não precisam de fertilização suplementar, pois recebem a maior parte dos nutrientes do solo normal do jardim. No entanto, se o crescimento for feito em solo arenoso, é vantajoso aplicar composto e farinha de osso até 1 m à volta do tronco. Ainda tem dúvidas sobre a manutenção de pomares? Então veja o nosso guia para a poda de árvores de fruto.
A forma correta de fertilizar as suas sebes depende do seu tipo. As sebes de flores preferem um fertilizante universal simples. As perenes, como a tuia, podem necessitar de um fertilizante de magnésio, se apresentarem sinais de deficiência de magnésio. Os rododendros são plantas acidófilas com exigências específicas relativamente a solo e fertilizantes ericáceos. Ao cuidar das sebes, não se esqueça das suas restantes necessidades de manutenção – veja o nosso guia de aparamento de sebes.
Entre os tipos de ervas que necessitam de mais fertilização incluem-se o manjericão, o cebolinho e a salsa, e se forem plantados em solo arenoso, em particular, estes beneficiarão de uma dose de fertilizante para ervas aromáticas ou perenes. No entanto, as ervas mediterrânicas, como orégãos ou tomilho, dão-se muito bem em solos mais pobres, mas irão apreciar a adição de composto como condicionador de solo.
As perenes de floração intensa têm um grande apetite e devem ser alimentadas com um fertilizante universal. As perenes menos exuberantes têm necessidades modestas, por isso a fertilização básica costuma ser suficiente. Incluem-se aqui as bergénias e a grande maioria das perenes de meia sombra e de sombra.
Como não estão no solo, as flores plantadas anualmente em floreiras ou vasos não têm microrganismos suficientes no solo para biodegradar o fertilizante orgânico em quantidades suficientes e dentro de um período razoavelmente curto. Isto significa que os fertilizantes orgânicos de pouco lhes servem. Contudo, os fertilizantes orgânicos podem ser utilizados em perenes de vaso a longo prazo, como os oleandros. A fertilização adequada resulta em flores magníficas.