As ervas daninhas são irritantes, mas um facto inevitável da vida de um jardineiro. Identificá-las corretamente irá ajudá-lo a agir por antecipação.
23.06.2021
As raízes robustas destas ervas daninhas podem espalhar-se pelo canteiro ou por baixo da relva. Nada as detém, nem caminhos, nem vedações: os seus rizomas de raiz têm, por vezes, muitos metros de comprimento e podem atravessar todo o jardim.
Ao identificar as ervas daninhas no jardim, é importante perceber os tipos que se propagam pela raiz e tomar as medidas adequadas. Triturar ou cortar estas ervas daninhas em pedaços minúsculos não faz nada para as destruir, além de ser grande a probabilidade de estar a agravar o problema, dado que isso pode criar muitos mais pontos a partir dos quais as plantas podem começar a crescer. A única forma de se livrar definitivamente destas ervas daninhas é cavá-las com cuidado para fora da terra juntamente com as raízes, de preferência, toda a planta de uma só vez. Este tipo de monda dá trabalho, mas vale bem a pena a longo prazo.
Este tipo de ervas daninhas produz grandes quantidades de sementes, o que significa que pode reproduzir-se rapidamente e em larga escala. Os dentes-de-leão são um exemplo clássico de uma erva daninha problemática que se propaga desta forma, quando a flor amadurece e se torna num "papilho de dente-de-leão" e distribui eficientemente as suas sementes características transportadas pelo vento.
Outras ervas daninhas comuns que produzem sementes são, por exemplo, o picão branco, a morugem e a quelidónia-maior. Estas plantas, normalmente anuais, podem reproduzir-se ao longo de grandes distâncias, podendo o material genético sobreviver durante anos, ou mesmo décadas, no solo, antes de germinar novamente quando este é revolvido. É por isso que, muitas vezes, as ervas surgem em canteiros criados recentemente ou em relvados novos.
A melhor abordagem a longo prazo para eliminar estas ervas daninhas é enfraquecê-las sachando e cortando repetidamente. O segredo é atacá-las antes de florescerem ou, pelo menos, antes de as flores amadurecerem, já que não terão oportunidade de se reproduzir, pelo que poderão desaparecer do seu jardim a longo prazo. No entanto, tenha em atenção que algumas ervas daninhas que se propagam pelas sementes, incluindo os dentes-de-leão, têm também raízes fortes, podendo voltar a surgir a partir de fragmentos de raiz no solo. Para estas ervas daninhas, uma solução a longo prazo implica também tratar das raízes.
Devido à sua resiliência e à rapidez com que se podem propagar, antes de dar por isso, as ervas daninhas já estarão a competir diretamente com as suas plantas cultivadas e culturas alimentares, privando-as de água, nutrientes e luz. Por isso, apesar de as suas perenes, arbustos e plantas ornamentais terem sido cuidadosamente selecionados para crescerem nas melhores condições, as ervas daninhas simplesmente surgem onde lhes aprouver. As espécies que escolheu dependem dos cuidados adequados e do ambiente certo para medrar, ao passo que as ervas daninhas são, de um modo geral, menos exigentes e mais aptas a disseminar-se. Também crescem mais rapidamente, são mais resilientes e podem introduzir doenças e atrair pragas. Por isso, a sua identificação é o primeiro passo para restaurar o equilíbrio no seu jardim e, se agir no momento certo, as ervas daninhas podem ser erradicadas. Além disso, não há necessidade de usar herbicidas.
Quanto mais precisa for a identificação das ervas daninhas na relva e nos canteiros do jardim, tanto mais direcionada poderá ser a sua abordagem. Listámos alguns dos tipos mais comuns de ervas daninhas e as formas como podem ser eliminadas..
Tipo de propagação: Raiz
Características: Trepa por outras plantas enrolando-se à sua volta; é endémica no Reino Unido. Uma planta muito agressiva apesar das suas belas flores.
Danos: Retarda o crescimento de outras plantas, devastando-as.
Como combater: Utilize um sacho para cortar os rebentos acima do solo ou puxe-os à mão. É preciso muita paciência para combater esta erva daninha a longo prazo, pois os rizomas são finos e longos, o que dificulta a remoção da terra. Contudo, se cortar repetidamente as ervas daninhas durante a época de jardinagem, isso irá enfraquecer cada vez mais as raízes profundas, acabando por esgotar as suas reservas. Como geralmente não se propaga à superfície da terra, a verdeselha pode, certamente, ser tolerada em áreas isoladas.
Vantagem: Nenhuma
Tipo de propagação: Raiz
Características: As urtigas têm uma variedade baixa (urtica urens) e outra alta (urtica dioica). Ambas produzem picadas desagradáveis em contacto com a pele.
Danos: Propagam-se rapidamente através de raízes e sementes.
Como combater: Podem ser cortadas com uma foice a motor. Depois, use uma forquilha para soltar a terra e levante as raízes das ervas daninhas para garantir que as ervas não voltam a surgir. Tenha em atenção que todas as urtigas a crescer numa área de cerca de um metro quadrado provêm de uma única planta.
Vantagem: O estrume verde de urtigas produzido por si e o fertilizante líquido são excelentes para fortalecer as plantas cultivadas e combater pragas, como as varejeiras. As urtigas também proporcionam um habitat essencial para algumas espécies de borboleta, como as lagartas de borboleta almirante, a borboleta-pavão e a pequena borboleta carapaça-de-tartaruga, que se alimentam exclusivamente de urtigas.
Tipo de propagação: Semente
Características: Uma erva daninha anual que prefere locais soalheiros, também conhecida como erva-da-moda. Produz flores amarelas e brancas e grandes quantidades de sementes. Morre com a primeira geada.
Danos: Dispersa-se de uma forma extremamente rápida e pode germinar no ano seguinte. Compete com outras plantas para obter luz, água e nutrientes.
Como combater: Remova sachando e mondando regularmente, de preferência, enquanto as ervas ainda são jovens, para que não possam florir e amadurecer.
Tipo de propagação: Raiz e semente
Características: Ervas daninhas perenes persistentes, que produzem muitas sementes e com raízes com capacidade de se regenerar. Cresce até a uma altura de 80 cm. Espalha-se rapidamente e não pode ser compostada com sementes ou raízes, pois estas rebentam no composto. Umbela de flores creme.
Danos: Priva outras plantas de nutrientes e espaço.
Como combater: Levante as ervas daninhas da terra com uma forquilha para as remover. Ervas daninhas persistentes.
Vantagem: Nenhuma
Tipo de propagação: Raiz
Características: Também conhecida como erva-belida, o botão-de-ouro dá-se bem em prados húmidos e em locais à beira da água. Em condições secas, as flores amarelas podem tornar-se em frutos de noz, mas a maior parte da disseminação é feita por caules rastejantes subterrâneos. O botão-de-ouro prospera em solo ácido.
Danos: De disseminação extremamente ampla, rouba espaço a outras plantas. Pode ser especialmente problemática nos relvados, pois impede a relva de crescer.
Como combater: Como o botão-de-ouro prefere a terra ácida, a relva pode ser enriquecida e as ervas daninhas, enfraquecidas espalhando cal para alterar o pH. O corte regular da relva, especialmente durante o período de floração, também evita a formação de sementes. Revolver a terra é a abordagem mais eficaz a longo prazo; puxar as raízes é o melhor, mas, como são extensas, pode ser difícil, além de poder fazer buracos no relvado.
Vantagem: Em pequenas quantidades, o botão-de-ouro pode ser tolerado como convidado no jardim, já que as flores amarelas fazem um belo complemento.
Tipo de propagação: Semente
Características: Produz rosetas de folhas e flores muito pequenas. As sementes conseguem sobreviver por longos períodos, permanecendo inativas até 30 anos.
Danos: Compete por nutrientes com outra vegetação (incluindo a relva). Transmite o patógeno hérnia das crucíferas, que ataca as raízes das outras plantas, danificando-as.
Como combater: Remova a bolsa-de-pastor e destrua-a antes de as sementes amadurecerem.
Vantagem: Nenhuma
Tipo de propagação: Semente
Características: Flores amarelas que amadurecem para formar o familiar papilho de dente-de-leão. As sementes podem germinar por um período máximo de 10 anos.
Danos: Espalha-se de forma extremamente rápida e por longas distâncias graças às sementes levadas pelo vento. Também se regenera facilmente devido à sua forte raiz principal.
Como combater: Corte a relva, arranque a planta e trate dela antes que as flores amadureçam.
Vantagem: Uma erva silvestre bem conhecida, com todas as partes comestíveis.
Tipo de propagação: Raiz
Características: Erva daninha perene e vigorosa. Os rizomas podem chegar estar a 10 cm de profundidade no solo. Precisa de muita luz.
Danos: Suprime a restante vegetação e as gramíneas e danifica os relvados. Também aparece em canteiros de perenes.
Como combater: Existem diferentes formas de lidar com a grama-das-farmácias dependendo do local onde aparecer. Pode cobrir as áreas afetadas com cartão para deixar à míngua os rizomas sedentos de sol. Este método demora algum tempo, pelo que poderá achar por bem tapar as áreas cobertas com composto. Remover a erva à mão dá muito trabalho, mas muitas vezes acaba por compensar. Outro método é plantar batatas nos canteiros afetados: as folhas densas rapidamente irão privar os rizomas de luz.
Vantagem: Uma planta pioneira, que significa que é uma espécie robusta que consegue crescer em solo fino e em ambientes áridos, onde a maior parte da vegetação não consegue sobreviver.
Tipo de propagação: Semente
Características: Flores brancas muito pequenas durante quase todo o ano. Planta herbácea anual. É frequentemente deixada para trás uma parte interna do rebento quando a planta é puxada da terra.
Danos: Não provoca muitos danos, mas consome muitos nutrientes e pode sufocar a vegetação mais pequena.
Como combater: As raízes pouco profundas são fáceis de arrancar juntamente com a planta. Como medida preventiva, deve sempre voltar a plantar e aplicar mulch nos relvados e canteiros de jardim rapidamente depois da remoção. Uma vez que o picão branco prefere solo com baixo teor de nutrientes, a fertilização também pode ajudar.
Vantagem: Como planta
Tipo de propagação: Raiz
Características: A cavalinha gosta de solos argilosos húmidos e compactos e de um ambiente um tanto ácido.
Danos: Sufoca outras plantas e é difícil de exterminar.
Como combater: Melhorar a terra é o primeiro passo, uma vez que a erva daninha dá preferência a solos pobres, dando-se particularmente bem em solos compactados. Melhorar o arejamento e impedir o alagamento impede a propagação das ervas daninhas. Corte a planta repetidamente e adicione areia e composto para soltar e melhorar gradualmente a qualidade do solo.
Vantagem: Contém muita sílica e pode ser usada como um remédio para doenças fúngicas.
Existem várias formas de como matar ervas daninhas. Se a planta já tiver florido e amadurecido, não deve ser compostada, visto que normalmente as sementes sobrevivem ao composto e podem germinar novamente quando este é adicionado ao solo.
Além disso, deve sempre compostar as raízes das ervas daninhas com cuidado. Comece por identificar aquelas que se propagam pelas raízes e não adicione essas raízes ao seu composto. Podem ser colocadas num recipiente de jardim para compostagem industrial.
Para as restantes ervas daninhas, certifique-se de que as raízes estão cortadas antes da compostagem, caso contrário, estaria apenas a adicionar uma planta viável ao seu monte de composto. As ervas daninhas que tenham florido também podem produzir sementes que germinam, por isso apenas deve compostar ervas daninhas jovens que ainda não tenham florido.
Tendo em mente estas ressalvas, compostar ervas daninhas é o melhor a fazer, dado que estas se decompõem em preciosos nutrientes que certamente irão revelar-se úteis.
A melhor forma de eliminar grandes quantidades de ervas daninhas que não podem ser compostadas é colocá-las no lixo apropriado, por exemplo, num centro de reciclagem ou em instalações locais de recolha de resíduos verdes. Pode eliminar quantidades mais pequenas de ervas daninhas juntamente com os seus resíduos orgânicos domésticos. Isto também se aplica a ervas daninhas que se propagam pelas sementes, bem como às raízes, uma vez que fica garantido que não podem germinar ou rebentar novamente.
Prados bons para as abelhas: quando as ervas daninhas se tornam benéficas
Lembre-se de que, apesar de podermos achar que as ervas daninhas não são bem-vindas nos nossos jardins, as abelhas e outras criaturas gostam da variedade que oferecem. As flores de muitos tipos de ervas daninhas são uma boa fonte de néctar para elas, pelo que, se puder, considere deixar alguns dos convidados indesejados onde estão.